Pesquisa Perfil da Enfermagem demonstra em Santa Catarina nível de escolaridade acima do exigido, baixos salários e jornada elevada

A Enfermagem, maior categoria profissional da saúde, composta por cerca de 1,8 milhão de Enfermeiros, de Técnicos e de Auxiliares de Enfermagem apresenta desgaste profissional, subsalários e elevada carga de horário de trabalho. A conclusão é fruto da Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, que ouviu por amostragem aproximadamente 36 mil profissionais de Enfermagem de todo o país.

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Os dados da Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil sob a ótica da Santa Catarina foram lançados na terça-feira (4 de agosto) na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc). O estudo foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e apoio dos Conselhos Regionais de Enfermagem.

Ensino e atualização profissional

DSCN6426Em relação ao ensino, a Coordenadora Geral da Pesquisa e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado, revelou que o Estado tem um perfil diferenciado no comparativo com o país. “A Pesquisa aponta que 50,4% do curso de graduação de Enfermagem são desenvolvidos em período integral, índice acima da média nacional de 36,6%”, detalhou.

A pesquisa também mostrou nível de escolaridade acima do exigido. “Dos Enfermeiros entrevistados no Estado, 84,4% cursaram pós-graduação. Percebe-se em Santa Catarina percentual elevado de mestres e doutores. Antes de graduar-se como Enfermeiro, 28,4% fizeram antes o Curso de Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem. Já ao analisar os dados do nível de escolaridade de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem percebe-se que aproximadamente 30% têm ou estão cursando nível superior”, complementou Maria Helena.

Apesar desses dados favoráveis na área de ensino, 45,5% dos profissionais de Enfermagem declararam que não tiveram acesso a aprimoramento profissional nos últimos 12 meses, elencando como principais razões: falta de condições financeiras (24%), falta de tempo/motivação/estímulo (17,7%), dificuldade de parar de trabalhar (11,3%) e falta de apoio institucional (11,8%).

Renda mensal

Analisando pela Pesquisa a renda total nas atividades de Enfermagem, constata-se que 7,8% dos profissionais de Enfermagem no Estado recebe menos de R$1.000,00. Os subsalários são registrados nos quatro principais setores de empregabilidade: privado (11,65%), filantrópico (9,5%), público (5,9%) e ensino (15,8%).

Vínculo trabalhista

Dos profissionais de Enfermagem entrevistados no Estado, a maioria (67,95%) tem apenas uma atividade/ trabalho.

Jornada de trabalho

Apesar da Organização Mundial da Saúde e Organização Internacional do Trabalho recomendarem 30h semanais como a mais adequada para o trabalho dos profissionais de saúde, em Santa Catarina a pesquisa relevou que 77,5% dos entrevistados trabalham de 31h a mais de 80h por semana.

Onde trabalham

No quesito mercado de trabalho no Estado, 48,3% da equipe de Enfermagem encontra-se no setor público; 40,1% no setor privado; 27,3% no filantrópico e 7,9% nas atividades de ensino.

Perfil

A pesquisa foi realizada em todo o Estado de Santa Catarina, ouvindo Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, contemplando os mais de 50 mil profissionais. A Enfermagem no Estado é composta por 77,2% de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem e 22,8% de Enfermeiros.
A maior parte dos profissionais de Enfermagem é do sexo feminino (87,7%).

A equipe de Enfermagem é considerada jovem com 63,9% dos profissionais com idade igual ou inferior a 40 anos.

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Desgaste profissional

Em Santa Catarina, a pesquisa apontou que 67,5% da equipe de Enfermagem declaram desgaste profissional.

Avaliação

DSCN6347Para a Presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren/SC), Enfermeira Msc. Helga Bresciani, a pesquisa evidenciou o que há anos as entidades representativas da Enfermagem e os profissionais de Enfermagem vêm lutando. “Quando os profissionais de Enfermagem falam na jornada de trabalho em 30h semanais (PL nº 2295/2000), do estabelecimento do piso salarial nacional para a categoria e de educação permanente as autoridades precisam perceber que é uma necessidade da categoria para que a assistência seja prestada de forma segura e com qualidade. A Enfermagem lida com vidas, e não pode errar”, defendeu Bresciani.

Solenidade

DSCN6424O lançamento dos dados em Santa Catarina foi prestigiado pela presença do Presidente do Conselho Federal de Enfermagem, Enfermeiro Dr. Manoel Néri; da Deputada Estadual Ana Paula Lima (que contribuiu para a realização da atividade); do Presidente da Ascop, Carlos Alberto Kita Xavier; da Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Santa Catarina, Enfermeira Dra. Maria Lígia dos Reis Bellaguarda; e da Coordenadora Estadual da Pesquisa em Santa Catarina, Enfermeira Dra. Felipa Amadigi (Presidente do Coren/SC Gestão 2012-2014).

O Presidente do Cofen, Enfermeiro Dr. Manoel Néri, elogiou o trabalho desenvolvido pelo Coren/SC nos últimos anos. “De 2008 para cá tenho acompanhado o grande trabalho desenvolvido pelo Coren/SC em prol da profissão; um exemplo de Conselho hoje para todos que compõem o nosso sistema”.

“Já avançamos muito, mas ainda temos diversos desafios para lutar por esta profissão tão importante para a vida das pessoas”, ponderou a Deputada Ana Paula Lima.

A Coordenadora Estadual da Pesquisa em Santa Catarina, Enfermeira Dra. Felipa Amadigi, Presidente do Coren/SC na época da realização da pesquisa de campo agradeceu o empenho dos trabalhadores do Conselho para a obtenção das respostas, em especial dos Enfermeiros Fiscais.
A cerimônia marcou também o lançamento do selo comemorativo aos 40 anos do Coren/SC.

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