Governo lança campanha contra surto causado por mosquito da dengue

Além da dengue e da chikungunya, mosquito também pode transmitir zika vírus, suposta causa de surto de microcefalia.

O Ministério da Saúde lançou na terça-feira (24 de novembro) campanha nacional de combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus – esta última pode ser a causa do aumento de casos de microcefalia no Nordeste. O objetivo da campanha, de acordo com o ministro Marcelo Castro, é alertar a população para a necessidade de fazer um “combate sem trégua ao mosquito da dengue”, depois que o País passou a enfrentar um aumento de 176% de casos prováveis da doença. A estimativa é de 1,5 milhão de casos em 2015, contra 555,4 mil no ano passado.

“O momento que estamos vivendo é grave”, disse Marcelo Castro. “Essa é uma luta que sozinho (o governo) não será vitorioso. Nós não venceremos essa batalha se a população não se atentar para a gravidade do que estamos vivendo”, afirmou o Ministro.

Ao todo, 199 cidades do País estão em situação de risco de dengue e 655 em alerta, incluindo sete capitais: Aracaju, Belém, Cuiabá, São Luís, Porto Velho, Recife e Rio de Janeiro. O dado consta do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), divulgado hoje pela pasta da Saúde. Por isso, a campanha terá como slogan “Se o mosquito da dengue pode matar, ele não pode nascer. Ele agora transmite também chikungunya e zika”.

O Governo Federal irá também aumentar a capacitação de pessoal de Estados e municípios para identificar locais de proliferação do mosquito e distribuir inseticidas e kits de combate. O Ministério da Saúde repassou até novembro R$ 1,25 bilhão aos governos estaduais e municipais.

Está em estudo o deslocamento de tropas o Exército Brasileiro para ajudar no desmonte de focos de proliferação do mosquito. Novas tecnologias para eliminação desses focos também estão em estudo. Tais como a liberação de mosquitos transgênicos capazes de copular com as fêmeas do Aedes aegypti sem que a larva se transforme em um novo inseto; a distribuição de telas com inseticida para populações mais afetadas; a infecção dos mosquitos com uma bactéria que gera esterilidade nas fêmeas; e a vacina contra a dengue.

O ministro, contudo, frisou que essas tecnologias ainda não foram experimentadas em larga escala e que precisam passar por avaliação criteriosa antes de serem adotadas. “São tecnologias promissoras, mas não estão disponíveis no momento”, observou.

Castro reforçou que, no momento, a arma mais efetiva contra a dengue é a população consciente do seu papel de eliminar locais nos quais o Aedes aegypti pode se reproduzir, como vasos de plantas, lixo e garrafas pet abandonadas.

O Secretário de Vigilância em Saúde, Antônio Carlos Nardi, ressaltou que é preciso manter a vigilância o ano todo, uma vez que houve um aumento na resistência do mosquito. Segundo ele, o Aedes aegypti não se reproduz mais somente no verão. “Não há um período cíclico da dengue”, disse.

Microcefalia

O Brasil registra neste ano 739 casos suspeitos de recém-nascidos com microcefalia, doença que causa durante a gestação a má formação do crânio. A vinculação dessa doença a partir da transmissão do vírus zika pelo Aedes aegypti é uma novidade surgida no Brasil, de acordo com o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch.

Segundo ele, a suspeita ainda não pode ser considerada como efetivamente um efeito do aumento da proliferação do mosquito, o que deve ocorrer a partir de estudos mais aprofundados. “Pode ser que uma boa parte desses casos possam ser descartados”, disse.

O Ministério da Saúde, contudo, confirmou uma morte por microcefalia ocorrida em Goiânia (GO). “Estamos buscando ser o mais transparente possível, sem levar pânico para a sociedade”, disse o ministro.