Presidente do SindSaúde/SC alerta sobre os prejuízos à população com gestão por Organizações Sociais

Enfermeira pela Universidade Federal de Santa Catarina, Simone Bihain Hagemann sempre esteve à frente das lutas da categoria. Assumiu como presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde de Florianópolis e Região (SindSaúde/SC) para colaborar ainda mais com suas experiências e habilidades, sempre em prol de todos os profissionais de Enfermagem. Atua como servidora pública estadual no Hospital Infantil Joana de Gusmão, na unidade de neonatologia e é servidora pública municipal de Florianópolis, na Unidade de Pronto Atendimento Norte. Ao conceder esta entrevista exclusiva ao Coren/SC, Simone falou dos desafios atuais e do perigo da liberação das Organizações Sociais na gestão das unidades de saúde.

1 – Quais os desafios enfrentados nessas mudanças de gestão das unidades de saúde? Há possibilidades de reverter essa “terceirização”?

Os desafios são inúmeros nesse modelo de gestão. Temos enfrentado a liberalidade das OS’S que decidem sobre o serviço sem respeitar as necessidades da população, as metas dos contratos sob as quais o controle social não tem a menor interferência e são decididas apenas entre o gestor e a Organização Social e por Isso não atendem as necessidades da rede de serviços.
Essa liberalidade das OS’S faz com que os serviços administrados por esse modelo de gestão não se integrem a rede de atenção à saúde.
Outro desafio é o encarecimento dos contratos que acontece ao longo dos anos – temos contratos aqui em Santa Catarina que aumentaram 200% em 7 anos. Além disso um dos maiores desafios é a fragilidade de fiscalização desse modelo de gestão pois as OS’s não são fiscalizadas pelos conselhos de saúde.
É um distanciamento completo das Leis do SUS e da Constituição Federal que garante a saúde como dever do Estado. Sobre a reversão desse modelo, eu acredito que é possível se tiver vontade política e mobilização da população pra isso. Além de possível é uma necessidade cada vez mais urgente pois a cada ano fica mais evidente que é um modelo que não dá certo.

2 – Os profissionais de Enfermagem tem participado das discussões do Sindicato, estão sendo atuantes?

Na grande maioria das unidades de nossa base sim. Em alguns hospitais a categoria da Enfermagem tem sido protagonista e maioria nas discussões e mobilizações.

3 – Na sua opinião, como as entidades representativas poderiam trabalhar para valorizar mais a Enfermagem?

Eu penso que a comunicação com a categoria é fundamental pois as entidades representativas trabalham muito, mas às vezes recebem críticas pois a categoria desconhece as ações que são feitas.

4 – Poderia destacar as principais e atuais lutas do SindSaúde?

Nesse momento estamos em campanha pela pauta de reivindicações dos servidores estaduais que inclui abertura de concurso público, melhores condições de trabalho e a data base da categoria.
Outras lutas diárias incluem o combate ao assédio moral dentro das unidades, a não privatização da saúde e o cumprimento dos direitos trabalhistas e dos servidores. Também estamos apoiando a luta dos servidores municipais de Florianópolis contra o projeto de organizações sociais.

5 – Como mostrar a relevância do trabalho dos profissionais da área da saúde para a população e a falta de reconhecimento?

Eu acredito que diariamente é necessário fazer este debate com os usuários de saúde de que a saúde não se faz sem os profissionais e que a qualidade do atendimento está diretamente ligada a profissionais qualificados, valorizados e com condições adequadas de trabalho. Penso ainda que as entidades precisam investir mais na propaganda deste tipo de informação.