Reconhecimento internacional ao projeto de prevenção e tratamento do AVC na Serra catarinense

Foram necessários esforços em várias frentes até chegar num resultado extraordinário. Assim foi o caminho do projeto “Laboratório de Inovação para o Enfrentamento do AVC – LAB AVC”  idealizado e executado pela enfermeira Camila Bacin, então gerente Regional de Saúde na época da implantação, e pelo enfermeiro André Faria em Lages, na Serra Catarinense. O projeto abrange desde a prevenção até o tratamento dos pacientes acometidos de acidente vascular cerebral.

A iniciativa envolve a Gerência Regional de Saúde, além do Centro de Reabilitação e o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, que possuem unidades para tratamento de pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral (AVC).

Os técnicos do Ministério da Saúde (MS) e representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estiveram no mês de abril em Lages para conhecer a experiência do LAB AVC, que foi uma das 30 práticas selecionadas como experiência inovadora de formação e qualificação dos trabalhadores e profissionais de saúde. Hoje, em parceria com o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres e a Universidade do Planalto Catarinense, os pacientes que são vitimas de AVC de 18 municípios da Serra têm atendimento completo.

Confira a entrevista com a enfermeira Camila Bacin:

– O projeto iniciou em 2014? Quem estava envolvido?

Sim, iniciamos em 2014 e como pesquisadora busquei financiamento na Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC). O projeto chamou-se Laboratório de Inovação para o Enfrentamento do AVC – LAB AVC.

Ele começou com dois enfermeiros, eu e André Faria que difundimos a ideia nos 18 municípios da região serrana.

 

– Como foi o processo do Prêmio e a importância do mesmo?

Passamos por três etapas avaliativas. Na primeira delas concorremos com 251 propostas e então ficamos entre 45 projetos. Na segunda etapa foram selecionadas 30, que tratou-se de uma apresentação oral em Brasília com arguição de avaliadores da OPAS e Ministério da Saúde. A terceira etapa consistiu em avaliação in loco da OPAS e MS, nessa ficaram 15 finalistas.

Por fim, ocorreu a cerimônia dia 25 de julho durante o pré – congresso  do  12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o chamado Abrascão, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Com a certificação, o LAB AVC será disponibilizado no Laboratório de Inovações em Educação na Saúde para ser compartilhado com países da América Latina e outros Estados do Brasil.

A importância é o reconhecimento do trabalho de dois enfermeiros na implantação da linha de cuidado do AVC na Serra catarinense e a divulgação nos meios de comunicação do país e da América Latina.

 

– A equipe é formada por vários profissionais? Quais são profissionais de Enfermagem?

Iniciou com dois enfermeiros e se estendeu para toda equipe interprofissional que atua na linha de cuidado ao AVC

 

– Foi desenvolvido um sistema para ser utilizado nos atendimentos? Essa parte foi desenvolvida na Uniplac?

O enfermeiro André recebeu uma bolsa do projeto para cursar o Mestrado e neste período desenvolveu o SISAVC, um sistema para alta compartilhada. A tecnologia da informação utilizada nos atendimentos aos pacientes e familiares ajudou no reconhecimento do laboratório. Os pacientes têm atendimento de graça de assistência humanizada, integral e multidisciplinar, com atendimentos por médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, profissionais de sistemas de informação, nutricionistas e fonoaudiólogos.

 

– Como é feito o trabalho? 

O LAB AVC envolveu todos os equipamentos de saúde da região, inclusive um asilo, o Asilo Vicentino, onde montamos uma clínica de Fisioterapia para idosos em reabilitação pós-AVC. E no Centro Especializado em Reabilitação (CER) há um trabalho belíssimo com os pacientes e apoio aos familiares e cuidadores.

 

– É feito um trabalho de orientação, preventivo também?

Foram realizadas várias campanhas em escolas, emissoras de rádios e TV. Um filme produzido para o projeto difunde o tema. Uma mobilização na campanha de 2017 envolveu mais de 500 pessoas na  I Marcha contra o AVC e o mais legal é que quem conduziu foram os pacientes e familiares que montaram uma associação Rede Serra AVC.