Coren/SC repudia salários oferecidos para atuar no primeiro hospital de campanha

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren/SC) lançou nesta terça-feira uma Nota de Repúdio à desvalorização da vida dos profissionais de Enfermagem no Processo Seletivo aberto pela Organização Social contratada pelo Governo do Estado, por meio da Defesa Civil, para atuarem no primeiro hospital de campanha de Santa Catarina a ser instalado em Itajaí. No documento, a presidente do Coren/SC, Helga Bresciani, lembra que a categoria está 24 horas ao lado do paciente, sete dias por semana e está mais vulnerável na linha de frente.

A instalação do hospital de campanha terá custo de setenta e seis milhões de reais (R$ 76.944.253,58) e a Associação Mahatma Gandhi, empresa de Catanduva (SP) para implantar e gerir o hospital, divulgou a contratação dos profissionais com a oferta de salários muito aquém do mínimo ético referenciado no mercado. Para os técnicos de Enfermagem está sendo oferecido o valor de R$ 1850,00, e para o cargo de Enfermeiro o valor é de R$ 3400,00, ambos abaixo do que o Coren/SC aprovou como piso salarial mínimo ético em 2018.

A Direção do Coren/SC está alertando os profissionais de Enfermagem para que se atentem, pois a proposta é indecente e temerosa. “Estas pessoas estarão correndo riscos de contaminação, incluindo até mesmo risco de vida, para atuar durante seis meses e sem garantias mínimas que poderão ser dadas aos seus familiares, pois trata-se de processo temporário de trabalho”, diz a Nota de Repúdio.

O Conselho confirma a importância dos 100 novos leitos de UTI que são muito necessários à população neste momento de enfrentamento da pandemia. Mas afirma no documento que não tem como aceitar tamanha desvalorização da categoria que está mais dedicada no cuidado aos pacientes e mais exposta.

No país temos 2,5 mil profissionais de Enfermagem diagnosticados ou suspeitos de terem a Covid-19 e em Santa Catarina são 226 nesta situação, portanto, precisando se afastar dos locais de trabalho. “Não podemos mais fingir que estamos nos preparando para enfrentar o aumento do número de casos se na hora de implantar um hospital de campanha os valores não são direcionados aos recursos humanos como deveria”, diz a presidente do Coren/SC, que complementa: “Vamos exigir a prestação de contas da implantação deste hospital”.

 

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