Entrevista: Kelli Barp atua na imunização há 16 anos e aposta na prevenção

Prevenção e vacinação. Duas palavras que estão sempre juntas quando o assunto é saúde. E a técnica de enfermagem Kelli Barp Zanette, de 41 anos, é capaz de provar. Há 20 anos ela atua na Prefeitura de Criciúma, sendo que a profissional está há 16 no setor de Imunização. É ela quem lida diariamente com as vacinas do município e busca salvar vidas por meio da vacinação.

Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. Poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são só alguns exemplos de doenças comuns no passado e que as novas gerações só ouvem falar em histórias. O resultado da vacinação não se resume a evitar doenças. “Trabalhamos com duas pontas no sistema: a de prevenção e a da doença. Se o paciente estiver vacinado ele não estará doente e não chegará a outra ponta. A nossa busca diária como profissional da saúde é prevenir porque vamos evitar que uma pessoa retorne para uma unidade hospitalar”, relata Kelli.

Mãe de dois meninos, Lucas e Pedro Augusto, de 15 e 9 anos, respectivamente, ela viu sua vida mudar ao se formar em auxiliar de enfermagem em 1999. Ela ainda é formada em enfermagem pelas Faculdades Esucri. “Comecei a trabalhar na Prefeitura de Criciúma ainda em 2000 e, desde então, não saí mais. Atualmente sou concursada e estou trabalhando no setor de imunização e espero aqui poder me aposentar, pois meu trabalho é algo que me motiva todos os dias e sou muito grata por ser realizada no meu serviço”, conta.

A paixão pela enfermagem veio de casa. A mãe de Kelli, Maria de Fátima, de 63 anos, também foi técnica em enfermagem e se aposentou há cerca de quatro anos, igualmente trabalhando na Prefeitura de Criciúma. “Me formei no ensino médio e não sabia muito bem qual profissão seguir. Meu irmão mais novo acabou seguindo os passos do meu pai e eu optei por olhar para o trabalho da minha mãe. Graças a Deus fiz isso, pois sou completamente realizada e feliz com meu serviço. Antes de chegar ao setor de imunização, trabalhei na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Verdinho e também no 24 horas do bairro Boa Vista ”, descreve.

Importância da vacinação 

Muitas doenças infecciosas estão ficando raras. Pessoas nascidas a partir de 1990 podem nunca ter tido contato com quem teve sarampo ou rubéola e, definitivamente, de poliomielite. Isso porque as constantes ações de vacinação foram capazes de controlar essas doenças do Brasil.

Então, não preciso vacinar meu filho contra essas doenças? Precisa sim. Essas doenças ainda fazem vítimas em outros lugares do mundo. Com a globalização, as pessoas passam por vários continentes em uma única semana. Se não estiver vacinada, ela pode trazer a doença para o Brasil e transmitir para alguém que não esteja imunizada.

“Estou há 16 anos afirmando todos os dias que vacinas salvam vidas. Isso é um fato. Mas a vacinação não salva apenas quem recebeu a dose, ela salva todas as pessoas em volta do paciente imunizado porque ele também não vai levar a doença para casa e, consequentemente, não irá contaminar os familiares, por exemplo. Fico triste quando recebo informações de que alguém não está com a carteirinha de vacinação em dia. É gratuito e as vacinas estão à disposição da população nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs)”, ressalta.

Desafios durante a carreira 

Kelli também enfrentou a chegada do H1N1 em 2009 e lembra quando a vacina chegou em Criciúma. “Vivemos momentos difíceis até a chegada da vacina e que hoje possuímos a Campanha Nacional contra a Influenza e que muitas vezes o público-alvo não se vacina. Isso nos deixa tristes, porém sabemos que a doença pode voltar”, comenta. “Acredito que em breve teremos também uma vacina para a Covid-19”, acrescenta.

Kelli se emocionou ao lembrar da pandemia do H1N1 e de todo o trabalho realizado em 2009. “São momento difíceis. São épocas diferentes, óbvio, mas que o trabalho do profissional da saúde foi importante e está sendo novamente”, compara.

A preocupação com as doses de vacinas 

A técnica de enfermagem possui preocupação diária com as doses de vacinas, isto porque as UBSs possuem salas de vacinação, mas as vacinas ficam armazenadas em geladeiras, ou seja, o cuidado é redobrado com a energia e temperatura. “Quando chove, o coração chega a ficar a mil. São mais de 80 profissionais que são capacitados para realizar a vacinação em Criciúma. Com isso estamos sempre mantendo contato para saber sobre as doses”.

“Só tenho gratidão por trabalhar no setor de imunização de Criciúma. Acompanhei toda a evolução das vacinas no país, toda a tecnologia. Não consigo me ver longe daqui. São 16 anos que passaram e foram anos que fluíram. Durante todo esse tempo tive meus filhos, passei por problemas pessoais, tive muitas alegrias, é uma vida, e todos sempre me ajudaram e me acolheram. Não tenho palavras para descrever minha realização profissional”.

Fake news: como lidar? 

Kelli já precisou lidar com as fake news sobre as vacinas, mas afirmou que isso faz parte de uma pequena parte da população. “Como em qualquer outro setor, também existem as notícias falsas que não entendemos como surgem. Mas estamos sempre abertos para as dúvidas e é uma pena que as pessoas não se vacinem por conta de mensagens falsas. Volto a frisar que as vacinas salvam vidas”, endossa.

Recentemente, o Ministério da Saúde lançou em seu site explicações sobre as fake news referentes às vacinas. Clique aqui e confira: 

Família 

Kelli nasceu e cresceu no bairro Sangão, onde vive até hoje. É a filha mais velha do casal Nereu Zanette e Maria de Fátima. Ela ainda tem um irmão, Fernando. Atualmente, é noiva de Gustavo Tavares Patrício. Eles se conheceram na Prefeitura de Criciúma.

A técnica de enfermagem está noiva de Gustavo e, se tudo der certo, eles deverão casar em outubro deste ano. “Está tudo marcado para casarmos, porém sabemos que estamos no meio de uma pandemia. Então, se tivermos que remarcar a data, assim faremos”, reconhece.

A técnica de enfermagem ressalta ainda a importância das vacinas. “O calendário de vacinas do Brasil é um dos melhores do mundo. É muito você trabalhar em um setor que você tem a opção de prevenir e não de curar”, encerra.

 

Fonte: Engeplus / Rafaela Custódio (foto: Rafaela Custódio)