A presidente do Coren/SC, Helga Regina Bresciani, participou na quinta-feira à noite da live promovida pelo Comitê Popular Solidário de Joinville contra o Coronavírus que debateu a situação dos profissionais de saúde diante da pandemia. Junto com ela estiveram Geordeci M. de Souza, representando o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e Silvana Costa, do Sindsaúde – Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde Pública Estadual e Privado de Florianópolis e Região.
O bate papo teve tradução em libras por Núbia Amorim e foi mediado pelo Márcio Cruz, do Comitê Popular que integra 27 entidades de Joinville e região, entre entidades sindicais, populares e de defesa de Direitos Humanos. O Comitê foi criado para articular ações solidárias com os setores da sociedade de maior vulnerabilidade e para acompanhas as ações do poder público, no sentido de garantir acesso a informação e garantias de direitos.
Em sua fala, a presidente do Coren/SC apresentou os dados dos profissionais de Enfermagem afastados em Santa Catarina e no Brasil, revelando a preocupação desde o início da pandemia com a falta de equipamentos de proteção e falhas no dimensionamento das equipes que acabam sobrecarregando e tornando o trabalho extenuante.
Silvana Costa é da área e trabalha no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, e contou dos seus medos e desafios que enfrenta diariamente, além de falar dos relatos dos colegas em outras áreas. O representante do Conselho Nacional de Saúde lembrou que muitos dos problemas apresentados hoje são resultado das falhas estruturais no repasse de recursos e na fragilização que já vinha ocorrendo no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele ressaltou que a falta de unidade no país é um agravante, pois se os estados não conseguem conversar e o governo federal não faz esse trabalho, quem mais sofre é a população.
No final do debate foi lida uma Carta Pública produzida pelos integrantes do Comitê com um alerta sobre a situação de Joinville e um pedido de urgência para que novas medidas restritivas sejam tomadas para frear os casos de Covid-19 na cidade.
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CARTA PÚBLICA
No dia em que a cidade de Joinville passou a liderar o ranking de vítimas da pandemia da Covid-19 em Santa Catarina, os hospitais São José e Regional anunciaram a ocupação total dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) destinados aos pacientes com Coronavírus, situação que compromete 100% da capacidade do sistema público de saúde de Joinville.
É previsível que a flexibilização das medidas de isolamento social, aliada à retomada do transporte coletivo em Joinville no dia 8 de junho, tenha agravado o contágio, as internações e as mortes por Covid-19. É o que demonstram os números divulgados pela prefeitura de Joinville, que reconhece estarem abaixo da realidade estimada.
Causa perplexidade a falta de transparência nos dados e informações do combate à pandemia em Joinville, o que pode estar ocultando do interesse público, situação ainda mais grave.
Com a ausência de leitos de UTIs e o aumento exponencial de contaminação, internações e de mortes, esperamos que os poderes públicos municipal e estadual tomem medidas urgentes e imediatas para proteger a vida da população, dos servidores públicos e dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à Covid-19.
Conclamamos, como entidades representativas de setores sociais, dos servidores públicos e dos direitos humanos, que a prefeitura promova urgentemente ações de prevenção ao contágio e de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que, diante da gravidade dos fatos, só ocorrerá com a paralisação completa dos serviços não essenciais, com o isolamento social mais severo, chamado de “lockdown”, somado a investimentos públicos em novas UTIs, com a implementação da gestão unificada de todos os leitos por meio de uma fila única, tanto para hospitais públicos quanto para privados.
Conclamamos ainda à prefeitura para que decrete o fim da circulação do transporte público e que o prefeito Udo Döhler reveja suas declarações de intenção do retorno às aulas a partir do dia 3 de agosto. Somos totalmente contra o retorno das aulas até que haja segurança, com a queda do número de contágio, internações e mortes pelo Coronavírus.
Acreditamos que é possível evitar uma tragédia ainda maior e salvar vidas em Joinville. Pela saúde da população de Joinville, conclamamos à prefeitura a decretar lockdown imediatamente. A vida dos joinvilenses não pode esperar.
Joinville, 10 de julho de 2020.
Assinam esta carta, ordem alfabética
- Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Itinga (Amorabi)
- Coletivo Ashanti de Mulheres Negras de Joinville
- Conselho Comunitário do Jardim Paraíso
- Coordenação Nacional de Estudantes de Psicologia
- Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz
- Coren/SC — Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina
- Fórum de Mulheres de Joinville
- Frente Joinville pela Democracia
- Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Unidos Pela Diversidade
- Instituto de Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais (IDHES)
- Instituto de Pesquisa da Arte pelo Movimento — IMPAR
- Movimento Mobiliza Cultura Joinville
- Partido Comunista do Brasil em Joinville (PCdoB)
- Partido dos Trabalhadores de Joinville (PT)
- Partido Socialismo e Liberdade de Joinville (PSOL)
- Partido Socialista Brasileiro de Joinville (PSB)
- Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro)
- Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej)
- Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte)
- Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde Pública Estadual e Privado de Florianópolis e Região (SindSáúde) — Subsede Joinville
- Sindicato dos Trabalhadores em Instituições de Ensino Particular e Fundações Educacionais do Norte do Estado de SC (Sinpronorte)
- Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal (Sindireceita) — Delegacia Sindical de Joinville
- Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica Profissional e Tecnológica (Sinasefe) — Seção Litoral
- União Nacional LGBT de Joinville (UNALGBT)