Semana da Enfermagem: a importância da reabilitação pós-Covid

No início da tarde desta segunda-feira (17/5), o painel “Uma visão para o futuro da Enfermagem na reabilitação da pessoa pós-Covid” tratou de um dos temas mais urgentes e atuais do momento na saúde. O evento faz parte da Semana da Enfermagem 2021 e foi coordenado pela Conselheira Maristela Azevedo, vice-presidente do Coren/SC. 

Primeira a falar, a doutora em Enfermagem Adriana Dutra Tholl explicou a importância de um tema que começou a surgir a partir da identificação de sequelas em pacientes que foram contaminados pelo coronavírus, principalmente os que necessitaram de maior cuidado hospitalar.

Diferentemente do que muitos podem imaginar, a alta do paciente nem sempre encerra o impacto da Covid em sua saúde. Adriana explicou que muitos pacientes deixam o hospital com algum tipo de comprometimento no sistema cardiovascular e neuromuscular, por exemplo.

“Quanto mais precocemente for diagnosticada a necessidade de reabilitação, mais rápida e efetiva serão os resultados, levando à recuperação plena do paciente”, afirmou Adriana.

Segundo ela, estudos mostram pessoas até com sequelas psicológicas, pelo medo causado ao ser acometido pela doença. Cabe lembrar, reforçou, que existem portarias que estabelecem a reabilitação no âmbito do SUS.

A segunda painelista, Fabiana Padilha da Silva, contou sua experiência como enfermeira do serviço de atenção domiciliar em Lages.

“É gratificante ver a reabilitação total daquele paciente que saiu do hospital com lesão dermatológica ou algum outro tipo de sequela”, iniciou Fabiana.

Em um depoimento emocionante – “com coração e emoção” nas palavras da coordenadora Maristela -, a enfermeira destacou a diferença entre o acompanhamento do paciente no ambiente hospitalar e dentro de sua residência, onde têm de ser levadas em conta dinâmicas de cuidado que devem se adaptar às características próprias de cada lar.

Fabiana atua diretamente no domicílio, integrante de uma equipe multidisciplinar que envolve profissionais de outras áreas, como fisioterapia e psicologia. 

“Nossa missão é ajudar essas pessoas a voltarem a suas vidas, ao seu trabalho, àquilo que faz sentido para ela”, complementou.

Sandra Helena Cardoso, enfermeira de Criciúma, encerrou o evento com um depoimento igualmente tocante.

A saúde mental do paciente, segundo ela, é um dos pontos críticos na dinâmica da reabilitação. O medo da morte, reforçou ela, pode gerar transtornos pós-traumáticos significativos, que necessitam de acompanhamento cuidadoso, afirmou Sandra.

Houve uma situação, em sua experiência nos últimos meses, que lhe provocou uma emoção especial. Sandra contou:  “O que mais me tocou, mais me doeu, foi quando um colega enfermeiro, que pegou Covid, veio até mim para também buscar a reabilitação”, disse.

Pequenos gestos de pacientes, como uma flor ou um pedaço de bolo ao atender em alguma casa, são as marcas carinhosas que os profissionais que atuam na reabilitação levam no coração. Talvez sem perceber, esse cuidado do paciente com a equipe de Enfermagem também faz a diferença e recarrega o ânimo para seguir na linha de frente.

Na conclusão do evento, Maristela lembrou a visibilidade que a Enfermagem tem recebido da sociedade após a atuação na pandemia, o que leva, cada vez mais, à necessidade de valorização da categoria. A conselheira leu mensagens do público que acompanhou ao vivo a transmissão pelas redes sociais do Coren/SC, tirou dúvidas e agradeceu às participantes.