Vacinação é fundamental para evitar novos surtos no Brasil

      Ex-secretário de Vigilância em Saúde, enfermeiro                              se destacou pela excelência técnica

A variante Delta, uma das mutações do coronavírus, já é uma realidade no Brasil e tem preocupado pesquisadores e profissionais da Saúde pela sua rápida transmissibilidade. O enfermeiro Wanderson Oliveira, doutor em epidemiologia e ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, vê com preocupação a facilidade de transmissão.

“Comparado com outras variantes como, por exemplo, a variante original que poderia ter duas pessoas infectadas a partir de um caso, na variante Delta isso varia entre 7 e 8 pessoas. Então é muito maior”, destaca o epidemiologista, primeiro enfermeiro a assumir um cargo no primeiro escalão do Ministério da Saúde.

A Delta foi detectada pela primeira vez em dezembro de 2020 na Índia e já foi identificada em mais de 130 países. No Brasil, vários estados já apresentam transmissão comunitária pela cepa, como Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e o Distrito Federal. De acordo com o epidemiologista Wanderson Oliveira, 60% das amostras testadas no Brasil que vão para o sequenciamento, são por variante Delta.

São Paulo e Rio de Janeiro são os estados com mais casos. Mas, apesar do avanço da variante no país, especialistas notam que não há alta significativa de casos e internações, como está ocorrendo nos Estados Unidos, que já possui mais de 99% dos casos pela variante. Especialistas associam este cenário no Brasil ao avanço da vacinação e o uso de máscaras. Monitoramento do Sistema Cofen/Conselhos Regionais, por meio do Observatório da Enfermagem, registra queda dos óbitos entre os profissionais.

“As vacinas são muito eficientes para poder evitar casos graves e de óbitos, mas nenhuma vacina tem o objetivo de evitar que a pessoa pegue a Covid-19. Nosso objetivo é, primordialmente, evitar que quem pegue Covid não corra o risco de morrer ou ficar em estado muito grave e para esse quesito, todas as vacinas estão mostrando alta eficácia e efetividade”, destaca Wanderson Oliveira.

O epidemiologista explica também que a motivação de uma dose de reforço é pelas características individuais da pessoa idosa, que na maioria das vezes tem a imunossenescência, ou seja, a imunidade vai caindo. “Isso não vale para uma vacina específica, não é só para a CoronaVac ou Pfizer, e é indicada para idosos e imunossuprimidos”, afirma.

“Manter o distanciamento social mínimo de 1,5 metros, o uso contínuo e correto de máscaras faciais adequadas e realizar a higienização constante das mãos são as melhores maneiras de prevenir a transmissão e a contaminação”, explica o coordenador do Comitê Gestor de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Eduardo Fernando.

O epidemiologista destaca também que ainda é cedo para entender o impacto da Delta no país, mas informa que a situação merece atenção devido a rápida circulação do vírus. “Nós ainda estamos tentando compreender a situação da variante no País, mas olhando os dados, talvez a gente tenha aumento de casos mais precisos em meados de final de setembro e outubro”.

Enfermagem na pandemia – A pandemia agravou as dificuldades da Enfermagem e alterou a forma de trabalho destes profissionais, que estão na linha de frente do combate à doença. Eles precisaram se adequar às novas medidas de segurança e seguir todos os protocolos de forma rígida, enquanto trabalhavam exaustivamente no atendimento aos pacientes e tinham que enfrentar o medo de contrair a doença.

Para Wanderson Oliveira, a Enfermagem tem mostrado sua importância no Sistema de Saúde. “A Enfermagem que a gente conhecia antes da pandemia não será mais a mesma. Será uma Enfermagem mais proativa, mais consciente do seu espaço e mais consciente do seu papel e importância”, destacou.

Fonte: Ascom – Cofen