Enfermagem Solidária como realidade terapêutica inovadora

 Trajetória da Enfermagem Solidária foi tema de debate científico

O desafio foi lançado ainda em março de 2020, no início da pandemia, pois era preciso fazer com que a Enfermagem atendesse a saúde mental da própria Enfermagem num momento crítico e inédito. Assim nasceu a plataforma Enfermagem Solidária, onde um grupo de profissionais enfermeiros especialistas estariam 24 horas por dia e sete dias por semana à disposição para escuta e cuidado terapêutico aos colegas da linha de frente. O resultado foi muito significativo: mais de sete mil atendimentos realizados até agora por 150 enfermeiros voluntários de todo o país.

Toda a história e a trajetória dessa iniciativa foi o tema de um debate científico que aconteceu durante o 23º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), nesta terça-feira (28/9), tendo como palestrantes a enfermeira Dorisdaia Humerez, que coordenou a ação da plataforma, e as enfermeiras Marciana Fernandes e Bruna Fernanda de Barros, voluntárias do Enfermagem Solidária. O debate foi mediado pela enfermeira colaboradora do Cofen, Josileide Aparecida Bezerra.

“Nossa preocupação sempre foi manter o trabalho dentro da legalidade do exercício profissional mas com foco na Enfermagem atendendo a Enfermagem, pois sabíamos que o acolhimento seria mais resolutivo”, contou Dorisdaia, que coordena a Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Mental do Cofen. “Tivemos vários momentos importantes e à medida em que a pandemia avançava em alguma região do país, percebíamos que mais casos eram atendidos ali. O isolamento, a desinformação e a culpa foram complicadores para gerar sofrimento, por isso em certos momentos os aplausos foram importantes, pois amenizaram também outro sentimento entre a população que foi o preconceito”, completou.

       Dorisdaia Humerez coordenou a ação

A enfermeira Marciana Moll apresentou a contextualização teórica e a evolução da Enfermagem ao se adequar às premissas da reforma psiquiátrica, com uma abordagem holística no atendimento integral ao paciente. “Na iniciativa Enfermagem Solidária fizemos a aplicabilidade das quatro etapas de atendimento. Primeiro a orientação com acolhimento, depois a identificação com uma escuta ativa e empática, passando pelo trabalho conjunto de profissional com usuário em encontrar alternativas para amenizar o sofrimento e, por fim, incentivar os pontos positivos, sem julgamento e com respeito”, detalhou Marciana.

“Conseguir discutir todas as possibilidades de atendimento de maneira virtual, unindo um grupo de todo o país que se prontificou com a causa e avançar rapidamente foi um desafio enorme, mas que superamos e hoje podemos dizer que serve de experiência para continuarmos aprimorando o nosso trabalho nessa área”, explicou a enfermeira Bruna Fernanda de Barros, ressaltando que a ação contribuiu não apenas para os profissionais atendidos, mas para os que estavam atendendo.

Dorisdaia afirmou que não foi criada apenas uma relação, mas uma comunidade de destino, pois toda a prática serve de base para o aprimoramento e novas possibilidades.

Fonte: Ascom – Cofen