Enfermeiras ganham prêmio com pulseira para medir pressão de gestantes

Produto permite acompanhamento remoto de hipertensas para a Rede Cegonha, do SUS, e agora poderá ser comercializado

Duas enfermeiras chegaram na frente de concorrentes em outros campos de atuação profissional e venceram um concurso de empreendedorismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), instituição de ensino superior sediada em São Leopoldo (RS). Com uma pulseira de aferição da pressão arterial para grávidas, a goiana Flávia Sales e a gaúcha Janaína Pinheiro venceram o prêmio Roser, que agracia projetos de pesquisa tecnológica voltados à solução de problemas práticos.

Com a experiência de gestante hipertensa pela qual Janaína passou, as colegas do chamado “Projeto Prisma” realizaram um levantamento de dados no objetivo de criar um produto que facilitasse o acompanhamento contínuo da doença, um importante fator de risco cardiovascular. Hipertensão arterial em grávidas é a causa de milhares de internações hospitalares por ano, com gastos milionários para o SUS, além de importante causa de morte evitável.

Enfermeiras e estudantes de mestrado, Janaína (esquerda) e Flávia (direita) ficaram amigas e sócias graças a aulas online

“Sabemos que a hipertensão na gravidez é uma doença que pode ser silenciosa, gerar a pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome de HELLP, acarretando a morte materna e fetal ou sequelas, patologias que são as maiores causas de morte na gravidez”, explicou Flávia.

O resultado foi a pulseira, produto inovador voltado para a Rede Cegonha do SUS, que envia os números de pressão direto ao armazenamento na nuvem de dados para controle da equipe de Saúde. O projeto aguarda agora aprovação de financiamento mediante edital do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A pulseira permite que a gestante fique no conforto de sua própria casa e receba por meio de aplicativo para celular as orientações, uma conveniência ainda mais especial na atual pandemia da Covid-19.

E foi por conta também da quarentena para conter a doença respiratória que Goiás e Rio Grande do Sul acabaram mais próximos. O curso de Mestrado Profissional em Enfermagem, iniciado no ano de 2021, tinha a disciplina Tecnologias para o Cuidado em Saúde, ministrada pela internet, o que gerou a ideação do produto da pulseira, projeto orientado pela professora Priscila Lora. “Como estávamos em estado pandêmico, as aulas foram todas online. O que poderia ser algo negativo pelo distanciamento, não foi, foi uma aproximação, uma apoiou a outra”, declarou Janaína. Hoje, além de colegas e sócias, as duas, inclusive as respectivas famílias, se tornaram amigas.

Docente no mestrado em Enfermagem da Unisinos, o professor Joel Rolim Mancia destaca que o curso de pós-graduação é ministrado dentro do acordo entre Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). “O produto pulseira de aferição é resultado das pesquisas realizadas no âmbito do Mestrado Profissional em Enfermagem, da Unisinos, que prioriza a produção de materiais com fortes características voltadas para as necessidades de mercado. Este é um trabalho inserido em linhas de pesquisa do curso. Nosso mestrado também está vinculado ao convênio Capes/Cofen, no qual mantém o compromisso de contribuir para a Sistematização da Assistência de Enfermagem”, disse o Mancia.

Fonte: Ascom – Cofen