Mês da Mulher: Enfermagem e tatuagem unidas em prol da auto-estima feminina

Com a experiência em tatuagem artística, Janaína Piantino, que é técnica em Enfermagem desde 1998 pela Escola Técnica Federal de Joinville, resolveu unir as duas habilidades para atender mulheres que passam pela mastectomia ou redução de mama e assim oferecer o serviço de reconstrução da aréola dos seios ou de cobertura de cicatriz. Ela foi atrás de qualificação e fez um curso especializado na área. Os colegas que atuam junto com Janaina na Unidade de Pronto Atendimento no Sul da Ilha (UPA Sul), em Florianópolis, incentivaram e os médicos encaminham as pacientes que demandam este atendimento.

Para iniciarmos as comemorações do mês de março, quando celebra-se o Dia Internacional da Mulher (8 de março) fizemos esta entrevista exclusiva onde Janaina conta mais desta trajetória.

Conte como foi o início deste trabalho de cobertura de cicatriz e desenho das aréolas nas mamas?

Muitos profissionais da área da saúde já sabiam que eu fazia tatuagem artística e há seis anos me avisaram de um curso de reconstrução de aréola com a técnica de micropigmentação. Desta forma vislumbrei um caminho muito interessante para unir a Enfermagem que tanto amo com a tatuagem, que é outra área fascinante. Utilizo técnica e pigmentos que permitem uma durabilidade muito maior do que outros procedimentos utilizados, ou seja, geralmente as pacientes não precisam voltar para retoques.

Qual o perfil das pacientes e como elas chegam até você?

Atendo mulheres novas até as mais idosas e elas vem de várias cidades, não só da Grande Florianópolis. Os médicos encaminham para conhecer o meu trabalho e aquelas que fizeram tratamento pelo SUS eu realizo o procedimento voluntariamente.

Quais são os casos que mais precisam deste serviço?

A maioria são mulheres que retiraram toda a mama ou parte dela por conta do câncer. Mas também atendo aquelas que fazem cirurgia de redução de mama, as que tiveram alguma complicação de necropse da aréola e muitos casos também de cobertura de cicatrizes.

Como é o processo?

O procedimento em si leva de uma hora e meia a duas horas. Dou as orientações para os cuidados com a cicatrização, recomendo o uso de uma pomada por 7 dias e marco um retorno entre 30 ou 40 dias para verificar necessidade de um retoque ou não.

Há um retorno positivo destas mulheres?

Muito positivo. É um trabalho muito gratificante, estou apaixonada. Elas me contam que é um fechamento de um ciclo ou que é uma forma de cobrir todas as marcas deixadas pela doença, enfim, é um processo delicado mas muito bonito de estar presente. Percebo claramente o aumento da auto-estima, a felicidade em poder virar uma página e sentir-se inteira. Tudo isso traz uma linda energia ao meu trabalho e é motivador para que eu continue unindo a Enfermagem e a tatuagem nesta missão.