Abrace a Enfermagem: fortaleça quem está na linha de frente

Administrar medicamentos, monitorar o quadro geral de saúde, fornecer amparo e empatia aos familiares e pacientes internados. Assim é a rotina de um profissional da enfermagem, que muitas vezes pode ser esquecida em meio à luta diária para cuidar de dezenas de pacientes internados. É inimaginável prever um cenário da saúde sem esse profissional chave.

Buscando valorizar o trabalho desses profissionais e chamar a atenção da população para seriedade do cenário atual, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lançou, na última sexta-feira (20/11), a campanha Abrace a Enfermagem, que visa exaltar e valorizar o esforço dos profissionais da área durante a pandemia. Mesmo com todas as dificuldades estruturais e emocionais vividas diariamente, as equipes espalhadas pelo país continuam auxiliando no combate à COVID-19 e ajudando a salvar milhões de vidas.

O movimento Abrace a Enfermagem pretende chegar longe e conscientizar a população do país sobre as dificuldades enfrentadas pela categoria. Até o dia 2 de dezembro, o molde de um boneco enfermeiro ficará exposto na Estação Central do Metrô de Brasília, com o intuito de recolher mensagens de apoio da população do Distrito Federal, que também poderá tirar fotos com a estátua. Em seguida, na quinta-feira (26/11), o Cofen planeja uma grande ação nas redes sociais para promover a hashtag #AbraceAEnfermagem.

Familiares, amigos e ex-pacientes também podem demonstrar o seu apoio acessando:

www.abraceaenfermagem.com.br

O CENÁRIO DA SAÚDE

Os Conselhos Regionais de Enfermagem trabalham para garantir condições de trabalho seguras para esses profissionais. Durante as ações de fiscalização realizadas em todo o país, já foram inspecionadas 16.120 instituições, entre levantamentos situacionais e fiscalizações in loco, desde o início da pandemia. Um terço das instituições visitadas é classificado como unidade de referência para a COVID-19.

“A fiscalização tem por objetivo, sobretudo, propiciar maior segurança aos profissionais de enfermagem quanto à disponibilização de equipamentos de proteção individual em quantidade e qualidade adequadas às demandas da assistência, contribuindo com a estruturação dos serviços e o dimensionamento de recursos necessários”, afirma o chefe do Departamento de Gestão do Exercício Profissional do Cofen, Walkírio Almeida.

Quando questionado o tamanho do esforço, ele responde: “Já foram apuradas 7.737 das 8.680 denúncias recebidas pelos Conselhos Regionais de Enfermagem, confirmando uma situação crítica: o déficit das equipes chega a 23.961 profissionais, sendo 8.430 enfermeiros e 15.531 técnicos/auxiliares”, completa Walkírio Almeida.

 

EMOÇÃO À FLOR DA PELE

O Cofen faz um monitoramento diário de casos e, até o fechamento desta matéria, o Observatório da Enfermagem registrou 460 óbitos de profissionais de Enfermagem vítimas da Covid-19 durante o exercício de sua profissão, sendo mais de 21 mil os profissionais infectados.

Há 25 anos como enfermeiro, Ricardo Siqueira é servidor público municipal em Fortaleza, onde atua na área de estratégia de assistência à família. O profissional, que já se infectou com a COVID-19, pede mais respeito aos profissionais de enfermagem no Brasil e relata como tem sido esse período de pandemia.

“Infelizmente, a gente teve que provar na prática a importância dessa profissão em uma pandemia. Agora, já estamos mais aptos a lidar com os pacientes”, desabafa Siqueira. Por isso, o enfermeiro pede para que, sempre que alguém sentir sintomas, vá logo às unidades de saúde para ser atendido. “Assim, podemos fazer a avaliação, a testagem, a notificação e, se necessário, o encaminhamento às Unidades de Pronto Atendimento e emergências dos hospitais”, orienta Ricardo.

Quando se infectou, Siqueira passou de profissional para paciente. “Eu precisei dos enfermeiros para fazer tomografia e para me medicar, da forma mais adequada possível, pois ainda não tinha um protocolo específico para tratamento. Hoje, seria um protocolo diferente”, explica.

O enfermeiro pede mais apoio por parte do Estado. “Esperamos que nossos governantes tenham um olhar diferenciado para a enfermagem. É uma profissão que não tem carga horária definida, muitos têm jornada de trabalho dupla e até tripla na maioria das vezes, pois não há piso salarial. A maioria é mulher, que sai da sua casa e trabalha até três períodos. Nós não temos, muitas vezes, local digno nem para descansar. Há profissionais que, nos plantões, dormem no chão ou em cima de um papelão”, protestou.

São horas sem dormir para poder cuidar de todos os pacientes infectados. #EuAbraçoAEnfermagemCofen
Cuidado e olho no olho fazem toda a diferença na hora do trabalho. #EuAbraçoAEnfermagemCofen
E apesar de tudo, ganhamos o carinho de todos eles. #EuAbraçoAEnfermagemCofen
O sorriso por trás dos EPI’s. #EuAbraçoAEnfermagemCofen

Fonte: Correio Braziliense