8 de março é dia de mobilização para preservação dos direitos

Dia-da-Mulher_rev01Neste 08 de março ocorre uma mobilização mundial para lembrar a preservação dos direitos das mulheres. Batizada de Greve Internacional de Mulheres, a manifestação ocorrerá em vários países.

A ideia é que as mulheres saiam às ruas em 40 países, incluindo o Brasil, onde 60 cidades, incluindo 21 capitais, vão aderir ao movimento. O lema é: “Se nossas vidas não importam, produzam sem nós”.  A organização 8M está articulando as atividades no Brasil e pede que as mulheres se ausentem de suas atividades diárias, tanto no trabalho como em casa, como forma de mostrar o quanto a mão de obra feminina é necessária e pouco valorizada. Será um “dia sem mulher”. No entanto, como nem todas podem se ausentar de sua jornada de trabalho, a 8M sugere diversas formas de aderir: desde paralisar as tarefas domésticas – não lavar roupa, louça, nem fazer comida – até se reunir com as colegas de trabalho para discutir questões que afetam as mulheres, como desigualdade salarial e violência.

Usar peças de cor roxa e lilás também é um forma de participar. “A questão da segunda jornada normalmente é esquecida: o cuidado dos filhos, da casa. Tentamos trazer essa discussão e sabemos que muitas mulheres com filhos não vão poder parar”, explica Marina Costlin Fuser, articuladora do 8M no Brasil e doutoranda em estudos de gênero e cinema na Universidade de Sussex (Inglaterra). “Por isso, propomos que nesse dia 8, os maridos é que fiquem responsáveis por essas tarefas. Queremos fazer com que se quebre essa normalidade dentro de casa de alguma forma”, completa.

Jornada de trabalho feminino – De acordo com a ONU, trabalhos não remunerados normalmente exercidos por mulheres, como limpar a casa, cozinhar e cuidar dos filhos representam entre 10 e 39% do PIB. Ou seja, esses serviços pesam mais na economia de um país do que o comércio, por exemplo. Além disso, grande parte das mulheres ainda trabalha em condições precárias e recebe uma remuneração em média 30% mais baixa que a dos homens. Enquanto apenas 50% das mulheres em idade economicamente ativa estão empregadas, 76% dos homens da mesma faixa etária têm empregos fixos.
Como a ideia da paralisação surgiu

Nos EUA, a Marcha das Mulheres realizada no dia 21 de janeiro conquistou uma dimensão histórica e foi particularmente marcada por protestos contra o presidente Donald Trump, conhecido por proferir discursos misóginos. Só em Washington, os organizadores calculam que meio milhão de pessoas participaram da marcha pelo Distrito Federal. Outras grandes cidades, como Nova York, Boston, Chicago, Atlanta e Los Angeles também aderiram. No total, os organizadores estimam que 2,5 milhões de pessoas saíram às ruas nos Estados Unidos, e foram realizados mais de 600 protestos em outros países.

Logo após a marcha, uma carta assinada por feministas como Angela Davis, filósofa e professora da Universidade da Califórnia (EUA), que foi perseguida na década de 1970 e se tornou um ícone na luta por direitos civis, convocou todas as mulheres a se unirem para uma paralisação geral. “A ideia é mobilizar mulheres, incluindo mulheres trans, e todos os que as apoiam num dia internacional de luta – um dia de greves, marchas e bloqueios de estradas, pontes e praças; abstenção do trabalho doméstico, de cuidados e sexual; boicote e denuncia de políticos e empresas misóginas, greves em instituições educacionais”, diz o documento. Outros grandes nomes, como Nancy Fraser, filósofa e importante pensadora feminista da atualidade,  também assinaram. A ideia foi inspirada na greve geral que aconteceu na Islândia, em 1975, e que tornou o páis um ícone do movimento feminista.

Não é só sobre trabalho – O foco do protesto não se limita apenas às condições de trabalho. Em outubro, o assassinato da adolescente argentina Lucía Pérez, que tinha apenas 16 anos e foi violentada e morta por dois homens, desencadeou uma série de protestos contra o feminicídio em toda a América Latina.  Com os slogans Nem uma a menos e Vivas nos queremos, as mulheres saíram às ruas no dia 16 de outubro, protestando contra a violência e a banalização do assédio. “Esse caso repercutiu muito no Brasil, porque a realidade da violência doméstica aqui é muito parecida com a situação na Argentina”, comenta Marina.

Também em outubro, na Polônia, mulheres fizeram um dia de greve geral, contra um projeto de lei que proibia o aborto, prevendo até cinco anos de prisão para aquelas que realizassem o procedimento e punição também para os médicos envolvidos. O dia 3, quando o protesto aconteceu, foi apelidado naquele país de Black Monday, já que as polonesas foram às ruas vestidas de preto. “houve uma articulação internacional, tanto com os protestos argentinos quanto com as polonesas, para realizarmos uma ação conjunta”, completa Marina.

Para saber mais acesse a página da 8M.