Vice-reitora da UFSC fala sobre valorização da Enfermagem em entrevista exclusiva ao Coren/SC

DSCN4044A entrevista do mês de março foi com a enfermeira e professora doutora de Enfermagem Alacoque Lorenzini Erdmann. Vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desde maio de 2016, Alacoque é graduada em Enfermagem (1971) e em Desenho e Plástica, pela Universidade Federal de Santa Maria (1975). É especialista em Enfermagem do Trabalho e em Administração Hospitalar, Mestre em Ciências da Enfermagem (1978) e doutora em Filosofia da Enfermagem (1995), pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atuou como Coordenadora Adjunta da Área da Enfermagem na CAPES de 2002 a 2007, membro da Comissão de Avaliação Continuada desde 1996 e representante da Área de Enfermagem no CNPq de 2004 a 2007. É professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina, com ingresso em 1976, e atuação no ensino, pesquisa e extensão. Confira:

Coren/SC – Desde que assumiu como vice-reitora, quais as ações importantes que podem ser destacadas na conduta da UFSC?

Alacoque – Assumimos a Reitoria em 10/05/2016 tendo em mãos um plano estratégico para ação nos primeiros 100 dias, balizados pelo Plano de Gestão “A UFSC PODE MAIS”. Assim, implantamos uma nova estrutura de unidades e cargos com gestão colegiada e priorização de metas. Conseguimos quitar as dívidas até o final de 2016, estabelecer relações institucionais externas que ampliasse as possibilidades de apoio e inserção da UFSC na sociedade, bem como, investir na melhoria dos processos e estruturas internas, dentre outros.

Coren/SC – Quais os desafios na gestão de uma universidade federal?

Alacoque – Como Universidade pública, gratuita, inclusiva e democrática, a participação, a solidariedade, a tolerância e muito diálogo é o caminho para avanços mais concretos da excelência acadêmica e relações de humanidade. A Universidade congrega pessoas que exercitam a intelectualidade e praticam a educação, formação de cidadãos ao cultivar o viver humano centrado na ética, direitos e deveres, atitudes, conhecimentos e saberes voltados ao avanço da democracia, pluralismo e diversidades.

Coren/SC – Sendo enfermeira, qual sua opinião sobre a formação na área dentro da UFSC? Há conquistas que podem ser citadas?

Alacoque – Sim, a Enfermagem surge na UFSC em 1969 com a criação do curso de Graduação e em 1976 com o Mestrado Acadêmico, com potenciais para a formação de profissionais enfermeiros acompanhado do desenvolvimento de ciência e tecnologia de cuidados de enfermagem e saúde. Esse perfil de formação altamente qualificada e nucleação na geração de bases teórico-filosóficas culminou com a criação do Doutorado em 1992 e hoje destaque internacional. A sua consolidação com forte inserção no campo da prática propiciou a criação de Mestrados Profissionais em Gestão do Cuidado de Enfermagem (2010) e em Informática em Saúde (2016). Seus laboratórios avançados de ensino, de  pesquisa e de desenvolvimento de tecnologias sustentam a formação e produção científica e tecnológica de excelência e destaque no país e América latina. A Enfermagem da UFSC se destaca pela sua liderança na formulação e execução de políticas públicas sociais na saúde e na educação, nosso Sistema Único de Saúde e a formação de profissionais políticos, socialmente críticos e com domínio clínico e humanístico. Ainda como conquista, destaco o forte engajamento dos alunos e docentes nas políticas de gestão da UFSC culminando com a presença de quatro enfermeiros ocupando cargos na esfera central: Professor Doutor Gelson Luiz de Albuquerque como Assessor Institucional, Professora Doutora Francis Solange Vieira Tourinho como Secretária da Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades junto com a Professora Doutora Olga Regina Zigelli Garcia, Coordenadoria de Diversidade Sexual e Enfrentamento da Violência de Gênero, e eu, Professora Doutora Alacoque Lorenzini Erdmann, vice-Reitora.

Coren/SC – Há uma preocupação cada vez maior com a promoção da saúde, isso já faz parte dos debates na formação e na pesquisa?

Alacoque – Sim, a preocupação com a saúde das pessoas, com o viver mais saudável e promover melhores hábitos de vida e saúde para que possa ser exemplar na sociedade deve ser um aprendizado diferenciado na formação do cidadão universitário. É nosso grande desafio concretizar a prática de Universidade Saudável.

Coren/SC – Seu extenso currículo na Enfermagem é um exemplo para a categoria. Por que escolheu a profissão?

Alacoque – Escolhi ser enfermeira por acreditar que cuidar da saúde das pessoas era uma prática que me agradava e que abria caminhos para exercitar a docência e empreender com ações diferenciadas. Sempre fui apaixonada e estudiosa pela profissão e ciência da enfermagem. Estou segura de que os desafios são grandes porém possíveis de serem dominados. O ser enfermeira(o) é ter consciência do compromisso ético com o cuidado da saúde do cidadão no contexto do viver e exercitar a cidadania planetária. A visão ampliada da vida e saúde nos diversos cenários ou contextos nos faz crescer nos espaços mais próximos do viver nossa vida com mais prazer e mais serenidade. Meu desejo é que toda(o) enfermeira(o) seja muito feliz e realizado com a profissão que integra a sua vida neste mundo. O verdadeiro sentido de nossa existência está em poder somar e construir um mundo cada vez melhor. Este é o nosso grande desafio como seres humanos e enfermeiras(os).

Coren/SC – Qual sua visão do cenário atual para os profissionais que estão no mercado, seja no ensino e pesquisa ou na assistência?

Alacoque – O cenário atual mostra que a Enfermagem como ciência, arte e tecnologia e como profissão social cresce no mundo todo. Os avanços são bastante significativos e a importância desse profissional na sociedade é vital. O mercado é também crescente e a demanda de profissionais cada vez melhor qualificados é o que propicia o reconhecimento e a valorização da profissão. Muitos são os desafios e os carmas de carregamos, todavia, estou certa de que cuidar da saúde das pessoas é cuidar da vida e cultivar o melhor viver como um bem social e um domínio que ainda carece de muita ciência e tecnologia. Apesar de já termos produções destacadas e de nível avançado especialmente pelos doutorados em enfermagem que já possuímos no Brasil (42) e em muitos países no mundo, ainda somos uma ciência em consolidação e uma profissão com tecnologias que depende essencialmente da relação humana e que para tal novos domínios precisam ser construídos. Também, como profissionais políticos e socialmente críticos, temos muitas aptidões e potenciais para sustentar novas políticas e forte inserção no campo interdisciplinar para compor novos avanços no domínio clínico e social da atenção à saúde e promoção do melhor viver com melhor qualidade de vida e saúde.