Talento Profissional do Senac premia boas ideias dos alunos de Enfermagem

Entrega do projeto no Hospital Governador Celso Ramos. Juliana e Jeane no centro, à esquerda a professora enfermeira Jucilene Pereira, e à direita, Kariny Mon, do hospital.

Entrega do projeto no Hospital Governador Celso Ramos. Juliana e Jeane no centro, à esquerda a professora enfermeira Jucilene Pereira, e à direita, Kariny Mon, do hospital.

O Talento Profissional é uma premiação do Senac em Santa Catarina com o objetivo de estimular e reconhecer os alunos que, durante a realização de seus cursos, desenvolveram projetos para atender soluções com criatividade. Na edição de 2016, a 8ª edição do Prêmio contou com 73 projetos inscritos, sendo que destes, 36 se classificaram para etapa estadual. Ao todo participaram 24 unidades do Senac em Santa Catarina.

Na categoria Técnico, o primeiro e o terceiro lugar foram para equipes formadas por alunos dos cursos técnicos de Enfermagem, em Florianópolis e São Miguel do Oeste, respectivamente. Os trabalhos apresentados foram avaliados a partir de critérios tais como foco de atuação e aplicabilidade, inovação, produtividade, responsabilidade social, estrutura e conteúdo do trabalho escrito.

Mais detalhes estão aqui nesta entrevista concedida ao Coren/SC por Jeane Machado Crispim e Juliana Pedroso Pereira Machado, as duas são estudantes e integraram o grupo que ganhou o primeiro lugar com a criação de um suporte manual para transferência de pacientes com mobilidade física prejudicada. A orientadora foi a professora Marcia Kersting Battaglim e teve ainda a participação de Patricia Vedovato Bona.

Coren/SC – Como vocês desenvolveram esse projeto?

Jeane – Tivemos a percepção da necessidade de construir um suporte manual que auxiliasse no processo de transferência do paciente de uma maca para outra. Uma vez a professora de ergonomia entrou na sala e comentou de um suporte para transferir pacientes da maca para cama que ela viu lá na Itália. Eu fiquei com aquilo na minha cabeça, pois tive uma experiência do meu irmão ficar hospitalizado muito tempo e eu tive várias experiências dentro do hospital. Fiquei tentando achar meios de desenvolver essa ideia. Daí cheguei em casa, conversei com a minha mãe, e depois minhas colegas vieram falar que estavam pensando em fazer alguma coisa para o projeto Talentos do Senac. E a gente queria algo concreto e que consiga ver que realmente funciona. Então eu fiz um suporte pequeno e trouxe para a professora na outra aula, ela gostou mas sabíamos que podia melhorar. A gente pensou na situação das camas, como a maioria é pra adulto e mesmo crianças estão em camas de adulto, desenvolvemos um tamanho padrão. Depois para dentro do hospital testar.

Coren/SC – São muitos benefícios aos profissionais e aos pacientes?

Jeane e Juliana – Consegue minimizar os riscos e as lesões esqueléticas ocupacionais, causadas pelos esforços diários consecutivos dos profissionais de Enfermagem, auxiliando então a diminuir os afastamentos dos mesmos no ambiente de trabalho. Outro benefício é aliado ao bem-estar do paciente, pois o projeto auxilia na sua comodidade, menor movimentação do corpo e com uma menor chance de causar escoriações ou pressão na coluna, no processo de transferência.

Coren/SC – Onde vocês testaram?

Jeane e Juliana – Fizemos nos setores de emergência, tomografia e raio x do Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis. Entregamos para os profissionais usarem e eles adoraram. A gente pediu para eles falarem os pontos fortes e as falhas. Estávamos na primeira fase do curso, ninguém tem experiência, então precisávamos desse retorno. Eles praticaram e a gente ficava olhando. Eles comentaram que diminuiu o desgaste e oferecia mais segurança pro paciente.

Coren/SC – Um profissional consegue usar sozinho?

Jeane – Consegue sim, mas 90% dos pacientes precisam de dois profissionais. Pessoas com porte maior muitas vezes demandam quatro profissionais e com esse suporte bastam dois. Então não envolve tanto funcionário e fica mais ágil e prático. Fizemos testes na maca do SAMU que é mais alta e fizemos teste em salas de exame, que as macas variam, são mais baixas ou mais altas. Este suporte aceita declive e aclive e o profissional mexe no paciente só uma vez.

Coren/SC – O próximo passo é implantar o uso em vários locais?

Jeane e Juliana – Sim, estamos pensando em fazer um trabalho social. Como a gente já conversou com o Hospital Celso Ramos, doamos o nosso pra eles, e a nossa professora comprou um também para doar ao hospital. O problema é que tem algumas pessoas que não sabem usar, pois é uma novidade. A gente precisa fazer uma capacitação. O Senac está nos ajudando para fazermos um número significativo e colocar na maioria das aulas para ajudar os profissionais. Trabalhamos junto com o SENAC aqui da Prainha na divulgação, na confecção e também a gente quer fazer um manual de instrução ou um vídeo instrutivo.

Coren/SC – O produto já está registrado?

Jeane e Juliana – Sim, temos um registro como Modelo Utilitário (MU), pois há um suporte parecido em São Paulo que inclusive citamos no projeto, mas o custo é muito mais alto e o mecanismo é um pouco diferente, com uma lona que desliza e é preciso mexer mais vezes no paciente. Na nossa proposta é mexer apenas uma vez, exigindo menos esforço do profissional e diminuindo a dor do paciente.