Iniciou nesta manhã, no campus da Universidade do Contestado (UnC) em Mafra, a sexta edição do Curso Regional de Formação de Lideranças em Enfermagem. Numa promoção do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren/SC) e do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren/PR), com apoio da ABEn-SC e ABEn-PR, o curso tem 80 alunos, entre enfermeiras(os), técnicas(os) e auxiliares de Enfermagem, além de alguns estudantes das últimas fases da graduação. O objetivo do curso é fortalecer as práticas de Enfermagem nas equipes de saúde e ampliar a visibilidade da profissão com a preparação de líderes em várias instâncias, seja na assistência, no ensino, nas associações e conselhos municipais, na política, na pesquisa, entre outras áreas.
Na abertura estiveram presentes autoridades locais como o presidente da Câmara de Vereadores de Mafra, Adilson Sabatke, o coordenador de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde, Alexandre Engel, a pró-reitora de Ensino da UnC, Marilene Strocka, o diretor do Campus, Ivan Rech, e o coordenador do curso de Enfermagem, Esvaldo Antunes. As presidentes do Coren/SC, Helga Bresciani, e do Coren/PR, Simone Peruzzo, coordenaram as atividades que contou ainda com a participação da conselheira do Coren/SC, Lais Concellos, e do coordenador do curso de Lideranças, Jorge Lorenzetti.
O vereador Adilson ressaltou a importância da Enfermagem e deixou como recado aos alunos para que sejam agentes transformadores. A pró-reitora elogiou a iniciativa do curso, destacando a formação como indispensável para o desenvolvimento de cada um. O diretor do Campus também falou nesse sentido e disse que o líder é aquele que queremos seguir, portanto exige qualificação e conhecimento.Em suas falas, as presidentes dos Conselhos Regionais falaram da parceria que está sendo feita para conseguir ampliar a abrangência do curso e também servirá para replicar a iniciativa nos próximos anos nas cidades do Coren/PR.
Depois da abertura, foi realizado um painel sobre “O papel da liderança na Enfermagem”, onde estiveram presentes representantes da Enfermagem no Legislativo e no movimento sindical. A primeira a falar foi a deputada federal Carmen Zanotto que trouxe dados importantes sobre os 30 anos do Sistema Único de Saúde, quais os avanços e também os desafios que precisam ser debatidos. “A questão do financiamento é urgente, pois o Governo Federal investia montantes importantes que foi diminuindo ao longo dos anos”, disse ela, lembrando que o SUS precisa ser defendido pela categoria, pois ainda há muitos pontos críticos que fazem a população reclamar muito do Sistema. Carmen ainda abordou outros assuntos de interesse da Enfermagem e que estão tramitando em forma de Projetos de Lei na Câmara Federal, como o PL 2295/2000 que dispõe sobre a jornada de trabalho, a tão esperada regulamentação das 30 horas, e o PL 5414/2016 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e precisa ser revisto para evitar o Ensino a Distância na saúde. Falou ainda do PL 459/2016 que regulamenta o Piso Salarial. “Há muitas perguntas pois o Coren de Santa Catarina, Paraná e do Ceará homologaram junto ao Cofen o salário ético mínimo, então estamos conversando com as entidades representativas para conseguir avançar na aprovação definitiva do piso em nível nacional”, afirmou e concluiu: “Temos que nos fazer representar em todos os espaços de poder, sob pena de não conseguirmos avançar nas nossas reivindicações”.
Na sequência, a técnica de Enfermagem Edileusa Fortuna fez um depoimento sobre sua atuação no movimento sindical, tendo sido da diretoria do SindSaúde/SC e, portanto, vivenciado muitas lutas da categoria e com uma experiência na garantia dos direitos dos trabalhadores. “A força da Enfermagem somos nós e por isso precisamos participar, ir atrás de espaços de discussão e que nos deem visibilidade”, disse Edileusa. Ela falou da luta pelas 30 horas semanais e do descaso dos gestores em não resolver as reivindicações da Enfermagem.
A deputada estadual Ana Paula Lima fez uma fala contundente em defesa da saúde de qualidade para todos e sobre as demandas mais imediatas da Enfermagem, que representa mais de 50% das equipes de atendimento. “Não podemos esperar que os outros façam por nós, precisamos estar em atuação permanente para valorizar nossa profissão e assim garantir resultados efetivos no acesso da população à saúde pública de qualidade”, afirmou ela. A deputada relembrou importantes conquistas deste ano, como os projetos de lei aprovados para regulamentar o fluxo da Declaração de Nascidos Vivos nos casos de partos domiciliares e a aprovação do projeto que implanta as áreas de repouso e convivência para todos os profissionais nas instituições, mas que mesmo depois de discussões e aprovação pelos deputados, foi vetado pelo governador e voltará a plenário, prescindindo do apoio de todos. Outros dois projetos tramitaram este ano com o apoio das entidades representativas que levaram informações e ajudaram a defender as iniciativas, como o PL que veda o ensino a distância nos cursos técnicos de Enfermagem e um que regulamenta a presença de enfermeira obstétrica para acompanhamento de pré-natal, parto e pós-parto.
ESTRUTURA DO CURSO – O coordenador do curso, Jorge Lorenzetti, iniciou oficialmente o curso com uma dinâmica para integração dos alunos. Cada participante recebeu uma tarjeta para escrever uma palavra que demonstrasse sua expectativa com o curso. Ao fazerem uma breve auto-apresentação, mostravam a palavra e falavam do que esperam do curso. Em seguida, o coordenador apresentou a estrutura do curso, quais os temas e professores a cada sexta-feira até chegarmos o dia 14 de dezembro, quando ocorrerá a apresentação dos trabalhos que devem ser realizados em grupo e a entrega de certificados.
OFICINA – No período da tarde, as presidentes dos Coren/SC e Coren/PR ministraram uma oficina com o tema “Saúde como Direito de Cidadania”. Elas fizeram um resgate dos principais momentos da história da saúde pública no Brasil, utilizando a colagem das palavras na parede numa grande linha do tempo. Em seguida, realizaram atividade em grupo com a metodologia TBL, abreviação para Team Based Learning, que é um trabalho em equipe por meio de material entregue pelas professoras. Há argumentações entre os alunos, para então chegarem às conclusões que todos os membros concordem ser a certa. Foram debatidos problemas e desafios do SUS e de outras políticas públicas que envolvem a saúde.