Histórias da Enfermagem: o cotidiano do(a) técnico de Enfermagem em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica

O técnico de Enfermagem Chaulin Martins conta sua história de cuidados de Enfermagem de bebês e crianças em tempos de pandemia. Leia o depoimento:

“O profissional de saúde técnico de Enfermagem atuante em Unidade de Terapia Intensiva neonatal e pediátrica tem papel fundamental nas práticas assistenciais de baixa, média e alta complexidade diretamente ligadas ao paciente. As doenças nomeadas graves possuem grande impacto nos pacientes internados sob cuidados intensivos, uma vez que necessitam de alta vigilância quanto ao seu estado crítico de saúde. Tratando-se de um ambiente onde encontramos neonatos, crianças e adolescentes em estado grave, o técnico de Enfermagem deve, sobretudo, ampliar o seu conhecimento de forma a assegurar a qualidade dos seus serviços, bem como a segurança do paciente. No atual momento de enfrentamento, a pandemia do Covid-19, alguns processos tornam-se necessários para garantir a segurança do  profissional de saúde e do paciente, de forma a conseguir atender a alta demanda de modo preciso e seguro. Felizmente, em Unidades de Terapia Intensiva neonatal e pediátrica raros são os registros e casos de pacientes confirmados com Covid-19, entretanto não descartamos a possibilidade da investigativa clínica quanto ao sinais e sintomas apresentados pelo paciente, todavia se torna exaustivo, pois não redobramos somente a atenção quanto ao cuidados de Enfermagem, mas também nos sentimos preocupados pois se trata de uma doença que ainda possui grande impacto em escala mundial quanto aos seus agravos.

Os profissionais de saúde estão inclusos no grupo de risco para o Covid-19, uma vez que estão expostos de forma direta aos pacientes com suspeita e/ou confirmados, o que os deixam propensos não somente a fatores da condição de risco para adquirir o vírus e adoecerem, mas também a alta carga de estresse gerada pela condição de trabalho, seguido pela falta de material e insumos, até a alta demanda nas unidades de internação onde atuamos. Além de enfrentarmos uma grande pressão, nós profissionais acabamos lidando com frustações, desmerecimento, distanciamento de nossos familiares e exaustão; fatores que abordam o sofrimento psíquico e adoecem mentalmente nossa classe. É um grande desafio, para nós profissionais de enfermagem atuantes em UTI neonatal e pediátrica, pois além
de tratarmos de pacientes de difícil manejo, temos que evitar ao máximo que possíveis intercorrências aconteçam. Manter estável um paciente grave é uma condição difícil quando falamos de prematuros e crianças, porém não devemos desconsiderar que nosso conhecimento deve sobressair em situações de urgência e emergência.

Você não precisa abraçar tudo para fazer a diferença, mas precisa entender que seu lugar no mundo tem um propósito. Trabalhar com prematuros e crianças me faz entender que a vida é muito curta para não salvar uma história. Aqui deixo a vocês, colegas de profissão, meus sinceros votos e compartilhamentos de alguns anos de experiência com pediatria e neonatologia intensiva, que possamos juntos construir um mundo melhor por meio de nossos cuidados e confiar que dias melhores virão.”

Chaulin Martins, Técnico de Enfermagem em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica (COREN/SC 1198227)

Membro titular da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros. Acadêmico do curso de graduação em Enfermagem e pesquisador do programa de bolsas universitárias de iniciação à pesquisa científica, pela universidade sociedade educacional de Santa Catarina – UNISOCIESC.

 

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A série “Histórias da Enfermagem na linha de frente” publica relatos sobre o esforço pelo bem-estar dos pacientes, através dos cuidados prestados pela nossa Enfermagem.

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