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Coren/SC constata sobrecarga de trabalho e déficit de profissionais na Operação Emergencial em Chapecó

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03.03.2021

Uma força tarefa do Coren/SC foi realizada nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro em Chapecó com a atuação de seis enfermeiras fiscais, sendo quatro de outras cidades para inspecionar in loco três hospitais da cidade, a UPA, o pronto atendimento municipal e os ambulatórios de campanha, além de 26 Unidades Básicas de Saúde. O trabalho foi realizado em todas as áreas, independente de atendimento Covid-19, para poder detectar todos os fluxos de contingenciamento que estão sendo realizados.

Foram realizadas 4 (quatro) notificações por subdimensionamento, uma em cada um dos hospitais inspecionados e na Secretaria Municipal de Saúde. As fiscais verificaram que os serviços de Enfermagem encontram-se sobrecarregados e com déficit de profissionais devido à alta demanda provocada pela Covid-19. “Os relatórios de Fiscalização foram produzidos como documento a ser entregue aos órgãos competentes para que medidas urgentes possam ser tomadas em defesa do bom atendimento à população”, disse o presidente do Coren/SC, Gelson Luiz de Albuquerque.

A impressão obtida durante fiscalização é que nas diversas unidades o que predomina é inquietação e insatisfação por parte dos profissionais de Enfermagem, devido a atuação em condições evidenciadas como correria, atropelo, para dar conta de todas as demandas, contribuindo assim para uma má gestão das atividades e um risco potencial para produzir resultados inesperados ou indesejados que afetem a segurança de pacientes, usuários ou outros.

A equipe de Fiscalização continua acompanhando o cumprimento dos prazos das notificações. Até a última sexta-feira, foram recebidos os cálculos de dimensionamento apenas do Hospital da Unimed e de algumas unidades básicas de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó, além da solicitação de prorrogação de prazo pelo Hospital da Criança.

A chefe da Fiscalização do Coren/SC, Lívia Fortunato, esteve presencialmente na Operação e destaca que o momento é de colaboração com os profissionais que estão esgotados. “Nosso papel é garantir condições do legal exercício da profissão e neste momento crítico também apoiar nossos colegas para oferecer segurança e qualidade no atendimento à população. Vimos muita angústia e total entrega dos profissionais de Enfermagem para resolver todas as urgências, mas há 11 meses na linha de frente não saberemos quanto tempo mais eles conseguem suportar caso não haja um suporte nas equipes”, disse ela.

Números – No Hospital Regional do Oeste (HRO) são 03 (três) UTI’s exclusivas para pacientes Covid-19, com total de 35 leitos, todos ocupados. E há um déficit de 18 (dezoito) enfermeiros e 61 (sessenta e um) técnicos de enfermagem, ou seja, seriam necessários mais 79 profissionais de Enfermagem. Com a ampliação de 22 leitos, seriam necessários mais 19 enfermeiros e 76 técnicos de Enfermagem. Nas outras unidades de internação também há déficit de profissionais de Enfermagem, conforme relatório da Fiscalização e respaldado no Parecer 002/2020 que regulamentou o dimensionamento durante a pandemia e a Resolução 543/2017.

Hospital Regional do Oeste

UTI 1 – 20 leitos	Quantitativo encontrado		Quantitativo adequado		Déficit
Enfermeiros	8		19		11
Técnicos de Enfermagem	40		76		36
UTI 2 – 10 leitos		Quantitativo encontrado		Quantitativo adequado		Déficit
Enfermeiros		4		10		6
Técnicos de Enfermagem		20		38		18
UTI 3 – 5 leitos		Quantitativo encontrado		Quantitativo adequado		Déficit
Enfermeiros		4		5		1
Técnicos de Enfermagem		12		19		7
TOTAL profissionais UTI		88		167		79

 

Ampliação de leitos – No cenário de ampliação de leitos de UTI, o Coren/SC também projetou os cenários com mais 22 leitos na UTI e mais 41 leitos nas unidades de internação.

 

 

UTI (35 Leitos)			UTI (35 Leitos)			UTI (57 Leitos)				UTI (77 leitos)
Cenário 01 Jan 2021			Cenário 02 Fev 2021			Cenário 03				Cenário 4
Na data da fiscalização (19/01/2021)			Na data da fiscalização (18/02/2021)			Quantitativo atual				Quantitativo atual
Enf	Téc/Aux		Enf	Téc/Aux		Enf	Téc/Aux			Enf	Téc/Aux
20	77		16	72		16	72			16	72
Parecer Cofen 002/2021			Parecer Cofen 002/2021			Parecer Cofen 002/2021
Enf	Téc		Enf	Téc		Enf	Téc			Enf	Téc
34	133		34	133		53	209			72	285
Déficit			Déficit			Déficit
Enf	Téc		Enf	Téc		Enf	Téc			Enf	Téc
14	56		18	61		37	137			56	213
INTERNAÇÃO (30 Leitos)			INTERNAÇÃO (39 Leitos)			INTERNAÇÃO (80 Leitos)
Cenário 01 Jan 2021			Cenário 02 Fev 2021			Cenário 03
Na data da fiscalização (19/01/2021)			Na data da fiscalização (18/02/2021)			Quantitativo atual
Enf	Téc/Aux		Enf	Téc/Aux		Enf		Téc/Aux
7	21		7	21		7		21
Parecer Cofen 002/2021			Parecer Cofen 002/2021			Parecer Cofen 002/2021
Enf	Téc		Enf	Téc		Enf		Téc
12	22		16	29		32		60
Déficit			Déficit			Déficit
Enf	Téc		Enf	Téc		Enf		Téc
5	1		9	8		25		39

 

No Hospital da Criança, que também é mantido pela Associação Lenoir Vargas, são 66 leitos disponíveis de internação, centro cirúrgico e oncopediatria. Nos setores de internação da instituição, considerando o número de leitos ativos e a equipe disponível para a assistência, há um déficit de 12 (doze) enfermeiros e 14 (catorze) técnicos/auxiliares de enfermagem, conforme Resolução Cofen nº 543/2017.

Hospital da Criança	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit
Enfermeiros	15	27	12
Técnicos de Enfermagem	39	53	14
TOTAL profissionais	54	80	26

 

No Hospital da Unimed são 142 leitos sendo: 54 leitos para internação geral (10 UTI geral, 20 clínica, 16 maternidade, 5 UTI-N, 03 berçário) e 88 leitos para atendimento a pacientes com Covid-19 (68 Enfermaria e 20 UTI). Na maioria dos setores há um dimensionamento adequado, tendo inclusive excedente de profissionais na maternidade, na UTI Neonatal e no Pronto Atendimento Respiratório, mas há déficit nas demais áreas de atendimento à Covid-19 e na UTI Geral.

 

Hospital Unimed Chapecó

UTI Covid – 20 leitos	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit
Enfermeiros	16	16
Técnicos de Enfermagem	36	40	4
TOTAL profissionais	52	56	4

 

Internação Covid – 16 leitos	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit
Enfermeiros	4	6	2
Técnicos e Auxiliares de Enfermagem	9	12	3
TOTAL profissionais	52	56	4

 

Enfermaria Covid – 30 leitos	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit
Enfermeiros	6	12	6
Técnicos e Auxiliares de Enfermagem	18	22	4
TOTAL profissionais	24	34	10

 

“Sabemos que a adequação do quadro de profissionais de Enfermagem é essencial para a prestação de assistência de qualidade, livre de imprudência e negligência. A falta de dimensionamento, portanto, traz para o paciente como grave consequência os eventos iatrogênicos, como por exemplo: as quedas e a infecção hospitalar, que são acontecimentos prejudiciais a estes indivíduos, já que pode lhe causar danos graves, aumentando o tempo de internação, o custo do tratamento e a manutenção da qualidade da assistência”, relatam as enfermeiras fiscais.

O déficit na equipe, além dos prejuízos supracitados aos pacientes, acarreta problemas também para os profissionais que compõem a equipe assistencial, pois o número reduzido de funcionários gera sobrecarga de trabalho, causando estresse, cansaço físico e mental aos trabalhadores.

Secretaria Municipal de Saúde – A mesma sobrecarga está sendo sentida nas unidades montadas pela Prefeitura e na Atenção Primária, pois a população recorre aos serviços que estão disponíveis. De acordo com os cálculos realizados com dados obtidos no momento da inspeção, nas unidades: Pronto Atendimento Grande Efapi, Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas, Ambulatório de Campanha Efapi e Ambulatório de Campanha Centro, há um déficit de 21 (vinte e um) enfermeiros e 45 (quarenta e cinco) técnicos/auxiliares de Enfermagem, ou seja, seria necessário contratar mais 66 profissionais de Enfermagem para estas unidades.

 

Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó
Pronto Atendimento Efapi	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit	Observações
Enfermeiros	9	11	2
Técnicos de Enfermagem	3	24	3	4 afastados por Covid
Auxiliares de Enfermagem	18
Sub-total	30	35	5
UPA 24 horas	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit	Observações
Enfermeiros	12	14	2
Técnicos de Enfermagem	3	58	13	6 afastados por Covid
Auxiliares de Enfermagem	42
Sub-total	57	72	15
Ambulatório Campanha Efapi	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit	Observações
Enfermeiros	4	7	3	2 afast. Covid
Técnicos de Enfermagem		39	23	3 afastados por Covid
Auxiliares de Enfermagem	16
Sub-total	20	46	26
Ambulatório Campanha Centro	Quantitativo encontrado	Quantitativo adequado	Déficit	Observações
Enfermeiros	4	18	14	2 afast. Covid
Técnicos de Enfermagem		29	6	8 afastados por Covid
Auxiliares de Enfermagem	23
Sub-total	27	47	20

Todas as 26 Unidades Básicas de Saúde que atuam com equipes de Saúde da Família também foram inspecionadas, contabilizando a quantidade de profissionais em cada equipe composta por um enfermeiro e no mínimo 3 técnicos ou auxiliares de Enfermagem. No total, a SMS de Chapecó tem na rede das Unidades Básicas de Saúde de 217 profissionais de Enfermagem (64 enfermeiros, 15 técnicos de Enfermagem e 138 auxiliares de Enfermagem).

Cabe ressaltar ainda que durante a fiscalização realizada não foi detectada falta de insumos e Equipamento de Proteção Individual (EPI) para uso dos profissionais de Enfermagem, e que estes são fornecidos em quantidade e qualidade, preconizados pelo Ministério da Saúde para atendimento da Covid-19. Com relação às medidas protetivas para profissionais pertencentes ao grupo de risco estão sendo cumpridas. Os profissionais frente a sintomas gripais ou sugestivos de infecção para Covid -19 são afastados das atividades, seguindo protocolos da SMS.

As enfermeiras fiscais do Coren/SC relataram um quadro de desgaste físico e emocional dos profissionais de Enfermagem, que por vezes durante a fiscalização expressaram suas emoções com choro e expressões de desesperança, em todas as instituições fiscalizadas, em especial nos hospitais. A impressão obtida é que nas diversas unidades o que predomina é inquietação e insatisfação, principalmente com a sobrecarga de trabalho e a sensação de desvalorização profissional, sentem-se explorados tanto pela população em geral quanto pelos empregadores, com relação aos baixos salários, excesso de horas trabalhadas, cancelamento de férias e licenças.

Muitos profissionais não tem substituição para atestados, férias e outros afastamentos, aumentando ainda mais a sobrecarga de trabalho para a equipe assistencial. Os profissionais da atenção primária são pressionados pelo poder público municipal a trabalharem nos ambulatórios de campanha, na Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas e no Pronto Atendimento Municipal, bem como no Hospital Regional do Oeste, que é administrado por uma Organização Social, tratando de áreas nas quais não são especialistas, gerando insegurança aos profissionais convocados. Estes são cedidos ao HRO nos seus horários de trabalho, na maioria das vezes, acarretando desfalque na equipe profissional na unidade de origem, ou fora do horário de trabalho com pagamento em folgas ou hora extra.