Coren/SC leva informações técnicas ao 3º Congresso Nacional do Parto Humanizado

A terceira edição do Congresso Nacional do Parto Humanizado, evento promovido pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina de 9 a 11 de agosto, tem como novidade a realização paralela do 1º Congresso Nacional de Fotografia e Vídeo de Parto. A iniciativa é da Comissão de Saúde do Parlamento, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira. A expectativa dos organizadores é reunir mais de 500 participantes nos três dias de programação, principalmente profissionais da área de saúde. As atividades ocorrem no auditório Antonieta de Barros.

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O Coren/SC está com um estande no evento para distribuir informações técnicas sobre a Enfermagem nos cuidados do parto domiciliar, como o Parecer Técnico 023/2016, que estabelece normas para o acompanhamento de parto domiciliar planejado. O Parecer foi elaborado pela comissão de parto domiciliar planejado da Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica de Santa Catarina (ABENFO/SC) em parceria com enfermeiras generalistas, enfermeiras obstétricas e uma obstetriz.

A conselheira Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos do Coren/SC está presente no Congresso representando a entidade e esteve na mesa da solenidade de abertura. Na sua fala ela destacou a importância de aprofundar os debates sobre o tema e buscar as condições necessárias para que as mulheres possam receber as melhores orientações no pré-natal e no parto.

fotonoticia-090817_III_congresso_nacional_parto_humanizado_VS41 fotonoticia-090817_III_congresso_nacional_parto_humanizado_VS11 estande

PARA SABER MAIS – Clique  e confira os documentos técnicos sobre o tema:

Parecer Técnico 023/2016

Nota Técnica da Vigilância Epidemiológica sobre Parto Domiciliar

Informações sobre o parto domiciliar planejado

 

MAIS SOBRE O EVENTO:

Com o tema “Afirmando a autonomia da mulher”, a proposta do congresso é debater a retomada do protagonismo feminino no parto. “Humanizar o parto é um processo que propicia escolhas conscientes das mulheres em relação aos seus corpos, sua gestação, seus partos e o nascimento dos seus filhos. A humanização significa devolver para esse momento o protagonismo da mulher. Que possamos conscientizar mais mulheres de que elas têm direito a um parto respeitoso”, disse a deputada Ana Paula Lima (PT) na cerimônia de abertura do evento.

A parlamentar salientou que as fotografias e os vídeos de partos contribuem com o debate a partir do olhar estético, ético e político sobre o tema. “Discutir sobre essa questão é algo inovador nesse congresso. Se antes o parto era algo que ninguém gostava de ver, era um momento só da mulher, associado à dor, agora assume uma forma bela, significativa, emocionante, divina.”

O presidente da Comissão de Saúde da Alesc, deputado Neodi Saretta (PT), enfatizou a importância do evento para auxiliar na busca de melhores práticas em saúde. “Precisamos reduzir os índices alarmantes de cesarianas no país. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o percentual de cesáreas seja de 15%, temos uma média de 43%, chegando a 80% na rede privada. Esperamos caminhar para a verdadeira humanização do parto, afirmando a autonomia das mulheres no direito das suas escolhas.”

Também participaram da cerimônia de abertura do congresso a vice-presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo/SC), Maria Emilia de Oliveira; a integrante da Associação de Doulas de Santa Catarina, Marcela Flueti; e a fotógrafa de parto Vívian Scanggiante.

Fotografia transformadora
As fotógrafas Suzanne Shub e Vívian Scanggiante, da Além D´Olhar, empresa pioneira no serviço de fotografia e vídeo de parto humanizado, destacaram na palestra ministrada na manhã desta quarta-feira o poder da imagem para a transformação da realidade obstétrica no país.

Elas participam da exposição “Portal da Vida – Múltiplos olhares sobre a beleza de parir”, montada no Espaço Cultural Jerônimo Coelho do Palácio Barriga Verde. A iniciativa é do Portal Hora Dourada, uma rede nacional de fotógrafas de parto e grupos de gestantes. A mostra reúne 20 imagens escolhidas por voto do público a partir de uma mobilização nas redes sociais que atingiu mais de 100 mil pessoas em apenas 72 horas. As fotos revelam a beleza de mulheres dando à luz, um resgate da ancestralidade feminina e da crença de que são capazes de parir.

“A força da fotografia tem a habilidade de transformar o jeito com que as pessoas olham para o parto no Brasil. Estamos aqui conversando com doulas, enfermeiras, parteiras, fotógrafas, médicos, políticos, para mostrar essa força da fotografia e compartilhá-la com o mundo. Queremos ajudar a transformar o atendimento ao parto no Brasil, tornar realidade para todas as mulheres o parto com respeito”, comentou Suzanne.

O olhar da parteira
A parteira contemporânea Naoli Vinaver considera os registros de parto em foto e vídeo uma oportunidade de transformação para todos os envolvidos no evento: mães, bebês, familiares e profissionais. Ela se dedica à profissão desde 1988 e já acompanhou mais de 1.400 mulheres durante a gravidez, o parto e o início da maternidade.

“Além de ser um documento que conseguimos deixar para as futuras gerações, o registro da experiência do parto é uma ferramenta que permite a possibilidade de aprendizado. Devido à intensidade do momento, a mulher acaba esquecendo detalhes preciosos e depois pode analisar e entender a essência do que viveu. Para os profissionais, basta olhar com humildade e não repetir as práticas que não considera boas.”

Naoli ressaltou a admiração pelo trabalho sensível da nova geração de fotógrafos de parto. “Não é tirar uma imagem, é obtê-la de maneira sensível, delicada, sutil, para ser verdadeira, honesta e fiel ao ato de parir e nascer, sem atrapalhar o evento, sem querer protagonizar.”

Para a parteira, as fotos e filmagens de parto devem priorizar a verdade em relação à estética. “O propósito não é criar uma cenografia teatral, algo inventado, uma lenda. Deve ser um documentário da vida acontecendo, de um momento verdadeiro e íntimo”, falou. “Há uma tendência de querer mostrar só um parto bonito. Depois, isso acaba deixando tristes mulheres que consideram que não tiveram o parto ideal. Precisamos aceitar as coisas como acontecem, conseguir derivar alegria do jeito que o parto foi, sem comparar com os outros”, acrescentou.